Insolação pode provocar alucinação, desmaio e levar à morte
Clima quente e úmido é natural que os casos de insolação aumentem muito. Embora o mal-estar na maioria das vezes seja leve, os casos graves podem matar até 50% das vítimas. A insolação é um tipo de colapso térmico no qual a temperatura do organismo ultrapassa os 37,5 graus normais, conforme explicou o clínico-geral do Hospital das Clínicas da USP (Univerisade de São Paulo) Francisco Torggler Filho.
De acordo com o médico, a insolação ocorre quando o corpo não consegue diminuir a temperatura interna do organismo. Isso acontece porque a transpiração, que é o principal mecanismo de regulagem térmica do corpo, se torna comprometida.
— A insolação é bastante associada ao tempo quente e seco, mas na verdade ela ocorre mais quando o clima está úmido. Quando a umidade relativa do ar fica em torno de 70% ou 75%, por exemplo, a troca de calor com o meio externo fica muito reduzida, o suor não consegue evaporar e por isso os riscos se tornam maiores.
Nos casos mais leves de insolação, os sintomas são náuseas, fraqueza, tontura, dor de cabeça, exatamente as mesmas coisas que a estudante Carolina Nicacio Penteado, 21, sentiu nas duas vezes que foi para o Rio de Janeiro.
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Da última vez que ela sofreu insolação, há pouco mais de um mês, a jovem conta que nem ficou exposta ao sol por muito tempo, mas como estava em uma barraca, o calor acabou fazendo com que ela apresentasse os sintomas.
— Eu vomitei horrores na praia e aí minha tia me levou para a casa dela porque ela é médica e mora na frente da praia e me deu soro, que foi uma coisa que me hidratou muito.
Até que os sintomas passassem, Carolina disse que não conseguia comer nada pesado e, em alguns momentos, chegou a ter febre de até 40 graus. “Meu nariz até sangrava e eu fiquei muito fraca. É uma sensação horrível que não desejo para ninguém”, afirmou.
Como aliviar o mal-estar?
Para aliviar o mal-estar, a orientação do clínico-geral é que a vítima fique em ambientes mais frescos com ar condicionado ligado em torno de 22ºC, molhe o corpo com toalhas molhadas e se posicione à frente de um ventilador ou mergulhe em uma banheira de água fria.
Já nos casos mais graves, quando o paciente apresenta temperatura interna de 40ºC e começa a ter desmaios, convulsões, alucinações, confusão mental ou pele avermelhada, ele deve ser encaminhado rapidamente ao hospital e ser internado na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo).
— Quando se chega nesse estágio o índice de mortes é de 50%. Se não for feito o tratamento adequado, o paciente pode até entrar coma ou ter falência múltipla dos órgãos internos.
Aprenda a evitar!
Entre as medidas mais recomendadas para evitar a insolação estão precauções simples como ficar em lugares ventilados ou na sombra e não permanecer muito tempo exposto ao calor, especificamente das 10h às 15h, período em que o sol está mais a pino.
Essas regras valem principalmente para idosos crianças, grupos etários mais propensos a sofrer insolação. Enquanto os mecanismos de regulação de temperatura dos mais jovens ainda não são desenvolvidos completamente, as pessoas com idades mais avançadas apresentam esse sistema um pouco mais debilitado.
Mas e o bloqueador solar, não funciona? Essa é uma dúvida comum, se eles também não fazem a função de evitar a insolação. De acordo com Torggler, o produto protege apenas contra raios UV (ultravioleta). “Quando a gente fala em calor é onda térmica mesmo e o bloqueador não tem papel nesse caso”, explica.
O uso de drogas também é outro fator que não deve ser deixado de lado. O consumo de substâncias como álcool, cocaína e até alguns tipos de remédios diuréticos, que são usados para diminuir a retenção de líquido e causam desidratação, pode tornar o organismo ainda mais vulnerável à insolação.
*Caíque Alencar, do R7