Consumir álcool na gestação muda o rosto do bebê, aponta estudo
Não é novidade que as bebidas alcoólicas devem ser evitadas na gravidez, mas os cientistas descobriram uma nova razão para isso
Raquel Praconi Pinzon em 30/06/2017
Se você já engravidou, é bem possível que você tenha passado muita vontade de tomar uma taça de espumante ou vinho, mas acabou se contentando com um suco de frutas para não prejudicar o bebê.
De fato, não é de hoje que se sabe que as bebidas alcoólicas são prejudiciais ao bebê, mas mesmo assim algumas mamães acabam abrindo exceções em datas especiais – muitas vezes, o próprio obstetra é da opinião de que um golinho não fará mal.
É claro que a maior parte das gestantes que tomou apenas uns poucos goles de bebida alcoólica não apresenta problemas graves por causa disso, mas um novo estudo realizado na Austrália traz mais um motivo para se evitar o álcool na gestação.
De acordo com a pesquisa publicada no periódico JAMA Network no início do mês, o consumo de bebidas alcoólicas durante a gravidez, mesmo em pequenas quantidades, pode provocar alterações craniofaciais no bebê.
Como foi realizado o estudo
Realizado por uma equipe de pesquisadores australianos de diferentes universidades e institutos de pesquisa em saúde infantil, o estudo buscava determinar se haveria alguma relação entre o formato do rosto e do crânio do bebê e o consumo de álcool durante a gravidez.
Para isso, os cientistas recrutaram mais de 1.500 mães que estavam no primeiro trimestre de gestações de baixo risco entre o período de janeiro de 2011 a dezembro de 2014. As mães foram acompanhadas em relação ao seu consumo de álcool tanto durante o primeiro trimestre quando nos outros dois.
Depois dos nascimentos, os pesquisadores analisaram o perfil craniofacial de 415 crianças de 12 meses de idade com o auxílio de supercâmeras que possibilitam criar modelos tridimensionais da face dos bebês.
As alterações que o álcool causa no rosto do bebê
A análise dos modelos produzidos a partir do rosto e do crânio das crianças mostrou que pode existir uma relação entre a exposição pré-natal às bebidas alcoólicas e o formato craniofacial do bebê, mesmo quando a mãe consumiu doses mínimas de álcool.
As diferenças foram encontradas principalmente no terço médio da face, no nariz, nos lábios e nos olhos, Em geral, as alterações se deviam a uma retração do terço médio da face, o que causa um encurtamento do nariz e deixa a pontinha mais arrebitada.
Qual é a intensidade dessas alterações?
É preciso ressaltar que essas alterações no rostinho dos bebês são imperceptíveis a olho nu e que elas foram identificadas pelo algoritmo do software que analisou os modelos em 3D. Ou seja, essas mudanças passam longe de causar deformações na face das crianças.
Os cientistas afirmam que as alterações são apenas estéticas e não afetam o desenvolvimento físico ou cognitivo dos bebês. Além disso, eles destacam que ainda não sabem se essas mudanças são permanentes, pois o rosto de uma criança muda muito nos seus primeiros anos de vida.
Uma certeza em meio a resultados inconclusivos
Apesar de terem chegado à conclusão de que a exposição ao álcool em qualquer nível pode influenciar o desenvolvimento craniofacial dos bebês, os pesquisadores ainda não sabem o que essas alterações significam clinicamente falando.
Entretanto, mesmo em meio às investigações ainda em curso, eles apontam uma certeza: se você está tentando engravidar ou acha que pode estar grávida, a opção mais segura é evitar totalmente o álcool.
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